segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Técnico dá dicas sobre acasalamento


Quem leu tanto a versão impressa quanto a on-line da revista ABCZ, encontrou uma reportagem sobre acasalemento com dicas de técnicos para definir os melhores touros para acasalar com as fêmeas do rebanho durante esse período de estação de monta. Um dos entrevistados foi o jurado e técnico da ABCZ Fábio Miziara. Como estamos em plena estação de monta, resolvemos publicar aqui no blog a entrevista completa que ele concedeu à revista ABCZ já que na reportagem apenas aguns trechos foram utilizados. A entrevista traz muitas dicas importantes. Confiram:

Quais os primeiros passos na hora de definir o tipo de acasalamento a ser feito na propriedade?

Fábio Miziara- O importante é procurar responder questões básicas de mercado como: Qual o objetivo da minha criação? Qual o mercado em que pretendo atuar? Qual o perfil do consumidor que quero atingir? Qual a melhor mercadoria para os meus clientes? Quais características meus animais deverão ter para atender as necessidades dos meus clientes. Enfim, são questões que todo empresário deve responder antes de “confeccionar” o seu produto. Respondidas estas questões, faz-se uma análise das matrizes, suas virtudes e defeitos, quais características devem ser corrigidas ou melhoradas, e aí se escolhe os reprodutores que deverão ser utilizados, como forma de promover as mudanças.

O criador tem uma infinidade de dados à disposição nos sumários e nas avaliações genéticas. Quais dados levar em conta na hora do acasalamento no caso das fêmeas? E no caso dos machos?


Miziara- De um modo geral, o criador tem à sua disposição, informações das DEP’s dos reprodutores da raça que tenham filhos avaliados, quanto às características de habilidade materna, peso (desmama e sobreano), composição do peso através dos resultados da ultra-sonografia na carcaça, precocidade sexual (idade ao primeiro parto) e fertilidade (intervalo entre partos e perímetro escrotal). Estes dados devem ser utilizados em conjunto e de forma equilibrada, como forma de promover o máximo da eficiência e produtividade dos seus animais. Aqueles criadores que participam de algum programa de melhoramento, ainda possuem a avaliação genética de suas matrizes, o que torna mais consistente a interpretação dos dados para os acasalamentos e com maior potencial de melhoria genética. Conhecer, saber interpretar e fazer uso das avaliações genéticas é obrigatório ao criador, que pretende estar inserido a um mercado comprador de genética superior, cada vez mais exigente e esclarecido.

A avaliação visual deve ser feita também para definir acasalamentos?

Miziara- Sim. É obrigatória a avaliação do tipo nos acasalamentos. Através da avaliação visual e dos acasalamentos adequados, são produzidos os animais de melhor conformação. O tipo influencia tanto na produção quanto na reprodução. Devem ser produzidos animais de bastante estrutura corporal, principalmente com costelas arqueadas e compridas. Garupas compridas, bem posicionadas quanto ao nivelamento, com musculatura abundante e precoce no seu acabamento. Estas características de conformação estão relacionadas com a pecuária de ciclo curto. Aprumos corretos e aparelhos reprodutivos corretos estão relacionados com a persistência dos animais nos rebanhos, principalmente nos machos a pasto.Em virtude do impacto do tipo na produção animal, os diversos programas de melhoramento tem adotado avaliações visuais como forma de gerar informações de conformação, proporcionando ainda mais segurança nos acasalamentos.

Que tipo de animal o mercado tem exigido atualmente?

Miziara- Pelo que temos observado no mercado comprador de tourinhos, os animais que possuem avaliação genética consistente, com seleção e genealogia voltadas para produções a pasto, tem conseguido, na média, uma valorização significativamente superior no momento da venda. Aqueles animais que atendem a estes pré-requisitos e apresentam conformação adequada, ainda são melhores remunerados.
Portanto, o animal exigido pelo mercado deve ser consistente quanto ao potencial de lucro que proporcionará e também deve ter uma conformação que agrade aos olhos. Uma nova roupagem do velho binômio, com ênfase muito grande no primeiro: PRODUÇÃO e TIPO.

Quais as principais diferenças entre os acasalamentos feitos em décadas passadas e os feitos atualmente?

Miziara- Em virtude das novas exigências de mercado com a inclusão de dados de produção, o número de características consideradas no momento do acasalamento é maior em relação anos anteriores. O criador hoje em dia, deve observar três pontos básicos para escolher os reprodutores que serão usados na vacada. Deve atentar para a genealogia, pensando no grau de consangüinidade. Deve ter preocupação com as características de conformação para obtenção de animais eficientes e produtivos, pensando nas herdabilidades e correlações das mesmas. Deve também incorporar às suas considerações, as avaliações genéticas disponibilizadas pelos vários programas. Volto a insistir que: Conhecer, saber interpretar e fazer uso das avaliações genéticas é obrigatório ao criador, que pretende estar inserido a um mercado comprador de genética superior, cada vez mais exigente e esclarecido.

O criador deve usar somente animais avaliados? No caso de poder usar animais sem avaliação genética, que cuidados tomar?

Miziara- O criador pode utilizar a genética que quiser, provada ou não. Não existe nenhuma exigência regulamentar a este respeito. A observação que cabe ser feita é com relação ao menor grau de competitividade que os seus produtos terão. Há de se considerar que o mercado é soberano e já tivemos a oportunidade de acompanhar mudanças conceituais, implicando em retorno financeiro, significativas em outras raças zebuínas. Mas caso se utilize animais sem avaliação genética, é importante considerar o pedigree dos animais, tentando através da genealogia, observar o potencial genético em questão. O número de touros avaliados nos vários programas é muito grande, e com bastante probabilidade será possível pesquisar estas informações.

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