Com relação ao Gir Leiteiro, há dois anos, foi incluída uma nova
atividade do PNMGL (Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro), visando
aperfeiçoar o processo de escolha dos touros jovens a serem incluídos no teste.
Segundo o chefe-adjunto da Embrapa Gado de Leite, Rui da Silva Verneque, nesta
nova atividade, os touros são avaliados quanto aos aspectos reprodutivos e
desempenho ponderal em um manejo padronizado. São avaliados também aspectos
como a produção e a qualidade do sêmen.
“Nosso objetivo é colocar o touro em prova o mais novo possível
para garantir o sucesso futuro do Programa”, diz Verneque. O Programa está
completando 27 anos. Segundo o chefe geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte
Vilela, a evolução da raça Gir é parte significativa da revolução alcançada
pela pecuária de leite no Brasil, que pode ser estendida aos demais países de
clima tropical.
“O melhoramento genético do Gir Leiteiro coincide com o sensível
aumento da produção e da produtividade de leite pelos quais o país passou nos últimos
anos. Em 1985, produzíamos 12,5 bilhões de quilos de leite. Atualmente, a
produção já supera 30 bilhões de quilos”, destaca Vilela.
Esta revolução pode ser verificada no mercado de sêmen, na expansão
do número de criadores de Gir leiteiro e no aumento da produtividade do rebanho
brasileiro. “Com a genética de touros provados, foram vendidos cerca de cinco
milhões de doses de sêmen cujo potencial médio é de 250 quilos de leite. Com
isto, estima-se um aumento potencial na produção de mais de 200 milhões de
quilos de leite, o suficiente para alimentar aproximadamente um milhão e meio
de crianças por ano”, diz Vilela.
Quando foram publicados os resultados do primeiro grupo de touros Gir
Leiteiro, em 1993, a venda de sêmen da raça cresceu 35% em relação ao ano
anterior. O Programa completa 244 touros testados e outros 173 em testes,
gerando uma importante repercussão econômica para a raça e seus criadores.
Hoje, o aumento na comercialização de sêmen do gado Gir Leiteiro supera os
700%, se comparado ao final dos anos 80 do século passado.
Guzerá – O
Programa de Melhoramento do Guzerá para Leite teve início em 1994 e já alcança
cerca de 400 touros em teste. O maior valor genético estimado até então é 497kg
de leite, uma evolução substancial se comparado ao primeiro sumário lançado em
2000 (296kg), quando 57 touros foram provados.
Os trabalhos de melhoramento do
Guzerá para leite completam 18 anos e a venda de sêmen da raça já ocupa a quinta
colocação entre as raças mais comercializadas para leite. No ano passado, a
Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial) registrou a venda de
43,4 mil doses de sêmen da raça, o que representa uma evolução de 26,3% nos
últimos três anos.
O objetivo é gerar tecnologias e
animais melhorados, com produção elevada e baixo custo. Sem deixar de levar em
consideração aspectos do bem estar animal para sistemas sustentáveis de
produção de duplo propósito, que utilizam o Guzerá e seus mestiços. Segundo a pesquisadora
da Embrapa Gado de Leite, Maria Gabriela Campolina Peixoto, “os sistemas de
duplo propósito são importantes principalmente nos rebanhos mestiços, uma vez
que a cria, recria ou venda de machos constitui uma fonte de receita para a
propriedade”.
Jornalista - Embrapa Gado de Leite